sábado, 16 de março de 2019

Pedagogia do Oprimido - Paulo Freire - Capítulo 3


Capítulo 3
A Dialogicidade: essência da Educação como Prática da Liberdade

Essência do Diálogo
Educação como prática da liberdade.


Diálogo como fenômeno humano: revela a PALAVRA.
PALAVRA:
- Ação e Reflexão: de formas solidárias / interação radical;
"Não há palavra verdadeira que não seja práxis. Daí que dizer a palavra verdadeira seja transformador o mundo." (p. 107)


"Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão." (p. 108)

"O diálogo é este encontro dos homens, mediatizados pelo mundo, para pronunciá-los, não se esgotando, portanto, na relação eu-tu." (p. 109)


Capítulo 3
A dialogicidade: essência da educação como prática da liberdade
 Por: Caroline Reis

Palavra: duas dimensões > ação e reflexão, de forma solidária. “Não há palavra verdadeira que não seja práxis.” p. 107

Palavra: ação = Práxis                                         Sacrifício: da ação = palavreria, verbalismo
           reflexão                                                                    da reflexão = ativismo

Palavra inautêntica: resulta da dicotomia entre ação e reflexão. Sem ação, a reflexão é sacrificada automaticamente, e tudo se transforma em palavreria. é palavra oca. Não há denúncia verdadeira sem compromisso de transformação, nem este sem ação. (p. 108)
Ativismo: ação sem reflexão. Nega a práxis verdadeira e impossibilita o diálogo. (p. 108)
A existência não pode ser muda, mas precisa nutrir-se de palavras verdadeiras para mudar o mundo. “Existir, humanamente, é pronunciar o mundo, modificá-lo. (p. 108)
Diálogo: exigência existencial humana. Não é só “depositar ideias” um no outro, nem discussões, polêmicas, mas sim “encontro em que se solidarizam o refletir e o agir de seus sujeitos endereçados ao mundo a ser transformado e humanizado” p. 109
“A conquista implícita do diálogo é a do mundo pelos sujeitos dialógicos, não a de um pelo outro. Conquista do mundo para a libertação dos homens.” (p. 110)

Educação dialógica e diálogo
“Não há diálogo, porém, se não há um profundo amor ao mundo e aos homens.” (p. 110)
Dominação: patologia de amor - sadismo em quem domina e masoquismo no dominado.
Amor é um ato de coragem, nunca de medo, é compromisso com os homens, com a libertação dos homens, é dialógico. (p. 111)
Amor: valentia, liberdade, sem manipulação, humilde. Suprimindo a opressão é possível restaurar o amor que estava proibido. (p.111)
Autossuficiência é incompatível com o diálogo - humildade. (p. 112)
Não há diálogo sem fé nos homens: “Fé no seu poder de fazer e de refazer. De criar e recriar. Fé na sua vocação de ser mais, que não é privilégio de alguns eleitos, mas direito dos homens.” (p. 112)
“O homem dialógico, que é crítico, sabe que, se o poder de fazer, de criar, de transformar, é um poder dos homens, sabe também que podem eles, em situação concreta, alienados, ter este poder prejudicado.” (p. 112)
“Ao fundar-se no amor, na humildade, na fé nos homens, o diálogo se faz uma relação horizontal, em que a confiança de um polo no outro e consequência óbvia.” (p. 113)
Confiança: junto com a fé nos homens, é a priori do diálogo. Faz dos sujeitos dialógicos cada vez mais companheiros na pronúncia do mundo. (p. 113)
Não existe diálogo sem esperança. “A esperança está na própria essência da imperfeição dos homens, levando-os a uma eterna busca. Uma tal busca, como já vimos, não se faz no isolamento mas na comunicação entre os homens - o que é impraticável numa situação de agressão.” (p. 113-114)

O diálogo começa na busca do conteúdo programático
“Para o educador-educando, dialógico, problematizador, o conteúdo programático da educação não é uma doação ou uma imposição - um conjunto de informes a ser depositado nos educandos - , mas a devolução organizada, sistematizada e acrescentada ao povo daqueles elementos que este lhe entregou de forma desestruturada.” (p. 116)
Educação autêntica: A com B, mediatizados pelo mundo. “Mundo que impressiona e desafia a uns e a outros, originando visões ou pontos de vista sobre ele. Visões impregnadas de anseios, de dúvidas, de esperanças ou desesperanças que implicitam temas significativos, à base dos quais se constituirá o conteúdo programático da educação.” p. 116
“Para o educador humanista ou revolucionário autêntico, a incidência da ação é a realidade a ser transformada por eles com os outros homens e não estes.”
Invasão cultural: Não se deve esperar resultado positivo de um programa educativo que desrespeita a particular visão de mundo do povo, nem com boa intenção, pois é sempre uma invasão cultural.

As relações homens-mundo, os temas geradores e o conteúdo programático desta educação

Situação presente + reflexão das aspirações do povo > organização do conteúdo programático da educação ou da ação política. p. 119-120. Propor ao povo, através de certas contradições básicas, sua situação existencial como problema, que o desafia e lhe exige resposta no nível intelectual e da ação. P. 120

Universo temático / Conjunto de temas geradores: o momento de buscar o conteúdo programático é o início do diálogo da educação como prática da liberdade. Essa investigação precisa ser dialógica e conscientizadora, de maneira que os indivíduos apreendam os temas geradores e tomem decisões de consciência em torno dos mesmos. p. 121
Investiga-se o pensamento-linguagem dos homens referido à realidade, os níveis de sua percepção desta realidade, sua visão de mundo. p. 122
A vida dos homens se dá no mundo que eles recriam e transformam incessantemente; o aqui não é somente espaço físico, mas também histórico.p. 124
Situações-limite: não devem ser barreiras insuperáveis, em si mesmas geradoras de um clima de desesperança. A percepção que os homens têm delas num dado momento histórico, como um freio, a partir do momento que a percepção crítica se instaura, se desenvolve um clima de esperança e confiança que leva os homens a se empenharem na superação das situações-limite. p. 126
O produto do homem não pertence ao seu corpo, pelo contrário, o homem é livre frente a seu produto - atividade produtora desafiadora - atos-limite. p 127

Os homens são seres da práxis: através de sua ação sobre o mundo, criam domínio cultural e histórico; sendo práxis,  reflexão e ação verdadeira de transformação da realidade, fonte de conhecimento reflexivo e criação - transformação. p. 127-128

Ação transformadora da realidade objetiva: homem produz bens materiais, objetos, instituições, ideias, concepções. Criam história e se fazem seres histórico-sociais. p. 128

Continuidade histórica: “Uma unidade epocal se caracteriza pelo conjunto de ideias, de concepções, esperanças, dúvidas, valores, desafios, em interação dialética com seus contrários, buscando plenitude.” p. 128-129 Temas da época: representação concreta destas ideias, valores, concepções, esperanças e obstáculos ao ser mais dos homens. p. 129. Universo temático: é o conjunto dos temas em interação. p. 129

Plena realização da tarefa humana: permanente transformação da realidade para a libertação dos homens. p 129-130.
Os temas ora estão envolvidos, ora estão envolvendo as situações-limite, e as tarefas que eles implicam, quando cumpridas, constituem os atos-limite. p. 130
“As situações-limite implicam a existência daqueles a quem direta ou indiretamente “servem” e daqueles a quem “negam” e “freiam”. p. 130

A investigação dos temas geradores e sua metodologia
A investigação do tema gerador, se realizada por meio de uma metodologia conscientizadora, além de nos possibilitar sua apreensão, insere ou começa a inserir os homens numa forma crítica de pensarem seu mundo. p 134
Descodificação da situação existencial - implica em: abstrato > concreto; partes > todo > partes; reconhecimento do sujeito no objeto e do objeto com situação em que está o sujeito. p 135.

Situação existencial codificada > cisão - descrição da situação = descobre a interação entre as partes do todo cindido. p. 135
Investigar o tema gerador é investigar o pensamento humano, referido à realidade, é investigar seu atuar sobre a realidade, que é sua práxis. p. 136
A investigação temática é um esforço comum de consciência da realidade e de autoconsciência, que a inscreve como ponto de partida do processo educativo, ou da ação cultural de caráter libertador. p. 138

A significação conscientizadora da investigação dos temas geradores. Os vários momentos da investigação

Risco: deslocar o centro da investigação , que é a temática significativa, a ser objeto da análise, para os homens, como se fossem coisas. p. 139
Investigação temática se dá no domínio humano, não pode ser um ato mecânico. É processo de busca, de conhecimento, de criação e exige dos seus sujeitos a interpenetração dos problemas. p. 139

Investigação pedagógica e crítica, não perde-se em visões parciais da realidade, mas se fixa na compreensão da totalidade - envolvimento histórico-cultural. p. 139
Tanto quanto a educação, a investigação que a ela serve tem de constituir-se na comunicação, no sentir comum uma realidade que não pode ser vista mecanicistamente compartimentada, simplistamente bem comportada, mas na complexidade de seu permanente vir a ser. p 140
A investigação temática envolve o pensar do povo, nos homens e entre os homens, sempre referido à realidade. p. 140
A superação não se faz no ato de consumir ideias, mas no de produzi-las e transformá-las em ação e comunicação. p. 141
“Os homens são porque estão em situação. E serão tanto mais quanto não só pensem criticamente sobre sua forma de estar, mas criticamente atuem sobre a situação em que estão.” p. 141
“A tarefa do educador dialógico é, trabalhando em equipe interdisciplinar este universo temático recolhido na investigação, devolvê-lo, como problema, não como dissertação, aos homens de quem recebeu.” p. 142

Resumão capítulo 3: Dialogicidade
Diálogo: é um fenômeno humano; é a essência da educação problematizadora; práxis (ação + reflexão); é transformador; é uma exigência existencial.
Educação dialógica: confiança mútua; pensar crítico; requer humildade; compromisso com a libertação; é fruto do amor aos homens e ao mundo; não há dominação; aspiração em ser mais.

Conteúdo programático: considera o homem como ser histórico e da práxis; expurga visões pessoais; nega-se a visão do opressor.
Como chegar ao conteúdo programático?
Começa na prática social global > busca a emersão das consciências > universo temático (divide-se em tema dobradiça e tema gerador) > visa TRANSFORMAÇÃO.

Problematização da realidade
Tema dobradiça: redução temática não sugerida pelo povo; necessidade comprovada detectada pelos educadores.
Tema gerador: redução temática definida pelo educador e pelo povo, a partir da situação de mundo dos educandos (envolvem-se as situações-limite; visam o inédito viável - através de atos-limite; consciência máxima possível); vai do geral ao particular; corresponde ao pensamento-linguagem da realidade (consciência histórica).
Metodologia conscientizadora: visão holística; elaborada mutuamente; educandos + equipe interdisciplinar; não é mecânica; codificação e descodificação de situações existentes; ato cognoscente.

Por: Caroline Reis

https://www.metropoles.com/brasil/feminicidios-nao-constam-em-dados-oficiais-do-ministerio-da-justica?fbclid=IwAR3wVw69VJsEDk39uUr6csVEtORmmqeVlxbSeuqx1bTEvy6tYMWp3aSw78c

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