terça-feira, 12 de março de 2019

Pedagogia da Autonomia - Paulo Freire - Parte I

Pedagogia da Autonomia 
(Paulo Freire)
Parte I
Pedagogia da Autonomia: Este pequeno livro se encontra cortado ou permeado em sua totalidade pelo sentido da necessária eticidade que conota expressivamente a natureza da prática educativa, enquanto prática formadora. Educadores e educandos não podemos, na verdade, escapar à rigorosidade ética. Mas é preciso deixar claro que a ética de que falo não é a ética menor, restrita, do mercado, que se curva obedientemente aos interesses do lucro. (p. 23) 

"[...] formar é muito mais do que puramente treinar o educando no desemprenho das destrezas, e por que não dizer também da quase obstinação com que falo de meu interesse por tudo o que diz respeito aos homens e às mulheres, assunto de que saio e a que volto com o gosto de quem a ele se dá pela primeira vez."

[...] O erro na verdade não é ter um certo ponto de vista, mas absolutizá-lo e desconhecer que, mesmo do acerto de seu ponto de vista, é possível que a razão ética nem sempre esteja com ele. (p. 22)

O meu ponto de vista é o dos "condenados da terra", o dos excluídos. Não aceito, porém, em nome de nada, ações terroristas, pois que delas resultam a morte de inocentes e a insegurança de seres humanos. O terrorismo nega o que venho chamando de ética universal do ser humano. [...] (p. 22)

Ética para o professor: aquela que foge dos interesses do mercado (ética restrita).

Deveria ser a
Ética Universal do ser Humano, que condena: 
- o cinismo do discurso acima;
- a exploração da força de trabalho do ser humano;
- acusar por ouvir dizer;
- alguém falou A enquanto foi dito B;
- falsear a verdade;
- iludir o incauto;
- golpear o fraco e indefeso;
- soterrar o sonho e a utopia;
- prometer sabendo que nao cumprirá;
- testemunhar mentirosamente;
- falar mal dos outros pelo gosto de falar mal.


Ética Universal: marca da natureza humana; indispensável a convivência humana. (p. 25)

"A ética que falo é a que se sabe traída e negada nos comportamentos grosseiramente imorais como na perversão hipócrita de pureza em puritanismo.
A ética que falo é a que se sabe afrontada na manifestação discriminatória de raça, de gênero, de classe.
É por esta ética inseparável da prática educativa, não importa se trabalhamos com crianças, jovens ou com adultos, que devemos lutar." (p. 24)

[...] O preparo científico do professor ou da professora deve coincidir com sua retidão ética.
Formação científica, correção ética, respeito aos outros, coerência, não permitir que o nosso mal-estar pessoal ou a nossa antipatia com relação ao outro nos façam acusá-lo do que não fez são obrigações a cujo cumprimento devemos humilde mas perseverantemente nos dedicar.  (p. 24)

Na crítica - a outro professor: 
[...] é fundamental que percebam o respeito e a lealdade com que um professor analisa e critica as posturas dos outros. (p. 24-25)

Quando somos um sujeito ético:
Não podemos nos assumir como sujeitos da procura, da decisão, da ruptura, da opção, como sujeitos históricos, transformadores, a não ser assumindo-nos como sujeitos éticos. Neste sentido, a transgressão dos princípios éticos é uma possibilidade mas não é uma virtude. Não podemos aceita-la.

Sujeito ético:- impossível viver sem estar exposto a 
"[...] fazer tudo o que possamos e favor da eticidade, sem cair no moralismo hipócrita, ao gosto reconhecidamente farisaico. Mas, faz parte igualmente desta luta pela eticidade recusar, com segurança, as críticas que vêem na defesa da ética, precisamente a expressão daquele moralismo criticado. Em mim, a defesa da ética jamais significou sua distorção ou negação. (p. 25)


Nenhum comentário:

Postar um comentário