segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Direita para o Social e Esquerda para o Capitalismo


Direito para o social e Esquerda para o Capital
Entrevistador: Paulo Passarinho (Ancora)
Entrevistada Lucia Maria Vanderley Neves

Lucia Maria é Membro: linha de pesquisa que discute Educação e Hegemonia 
(o livro resultou de um trabalho coletivo, de um grupo de educadores)
Linha 1. Educação Escolar (a educação na escola)
Linha 2. Educação Política (os processos de dominação de classe no país, por meio de uma hegemonia no país).

... em construção 

A Nova Pedagogia da Hegemonia (NPH): procura responder, queriam saber que nos anos 80, o Brasil estava em ebulição e nos anos 90 acabou.

O que é hegemonia: a dominação de classe se faz pela força e pelo convencimento. Adocicando a boca do cidadão, ou pela educação.
3 aparelhos privados de hegemonia (mas, não só): são importantes na veiculação dessa nova hegemonia, nesta forma, implementação de uma nova Pedagogia da hegemonia.
- igreja;                                                                                                      
- escola;
- Mídia.
Formas de coerção e convencimento vão mudando ao longo do tempo. Até anos 80, a forma de convencimento se dava a partir de ações de capitação na burocracia estatal.
Nova forma de convencimento é pela sociedade. Hoje você convence as pessoas a partir da organização da sociedade.
Não se faz, mais só fazendo a pessoa integrar a burocracia. Mas, o que é nova, é a criação de espaços para a dominação, onde as crianças se sentem participante quando são em grande parte
80000 faz fio são: fundações, institutos empresariais, que na cidade espalham a visão de estudo de mundo.
O que é sociedade – o que é esse social: sociedade urbanizadas e mais complexas, elas são organizadas através de casamatas, que ampliam para o conjunto da sociedade do mundo dominante.
A faz fio são a nova forma de fazer político.
Antes tinha o estado de bem estar
Nova pedagogia: uma sociedade de bem estar.
380 000 fazendo o trabalho de convencimento às pessoas é muito.
Gramsci: a contra hegemonia necessariamente é uma questão de oposição. Luta de Classes e vem
A sociedade civil é uma instancia do estado ampliado; ela é uma arena de luta de classes.
A classe faz-se. O conflito e inerente a sociedade de classe.
Agora no Brasil nós não temos uma contra hegemonia (L)
Inflexição Política Ideológica (?)

Não começa com o governo PT, essa NH começa com o 1º governo Clintom (governo social democrata). NO Brasil, com próprio Fernando Henrique Cardoso (sociais liberais). Um projeto social democrata que concilia mercada com justiça social (1º Mãos a Obra; 2º Avança Brasil).
Ruth Cardoso: antropóloga que implantava esse novo modelo de sociedade de bem estar: junta mercado com justiça social. Governo Lula mantem e aprofunda.
Livro:
Um estudo de toda a trajetória do PT e mudanças de suas posições (estrela branca, paz e amor).
“Todos querem democratizar a democracia”
1998: PT mais palatário
As duas forças: direita e esquerdo, que no Brasil são antagônicas, elas eram complementárias.
Direito para o social e Esquerda para o Capital: querem a mesma coisa que o capital quer:
- reduzir a pobreza;
- buscar a qualquer preço a paz social.

O que vem a ser essa Nova Pedagogia da Hegemonia:
Nós discutimos um projeto político, quando ele é gestado, quando ele se desenvolve.
Política não pode ser feita sem vê-la num processo histórico.
Ruth teve um papel importante em implementar este papel de
Bresser Pereira: esteve nas reuniões da governança progressista, movimento de direito.
Para implantar um modelo de estado que nós temos hoje: a sociedade de bem estar.
- privatização das empresas estatais;
- transpor os campos sociais, as políticas sócias, não em do estado;
- atividades exclusivas do Estado;
- entender, as figuras no judiciário que se autonomizam no governo (atividade
- núcleo estratégicos (ministérios, que estão no governo).
Foco: conseguir a paz social, apassivando os movimentos sociais.
Pedagogia da Hegemonia: uma forma de dominação de classe para apassivar os movimentos sócias.
Num país tão desigual, tão desiquilibrado (como Brasil). Um país de periferia é possível a paz?
Um país tem a base material, enquanto a base material está se satisfazendo ela vai fincando a paz. As açpes governamentais de alivio a pobreza, tem ações muito forte de convencimento, mas tem uma coisa chamada realidade, mas de repente uma crise, é possível que os homens se organizem para questionar.
Eu acho que estamos começando um movimento de alerta, mas não se expressou nas eleições. Tivemos uma proposta de alternativa, mas a maioria esmagadora dos votos foi para os partidos que expressam este modelo.
O povo está na rua, mas não está um projeto antagônico.
É possível que a realidade atual, com as crises atuais, aceno do crédito fácil, tudo isso pode acontecer das pessoas quererem pensar de outra forma. Boa Grasmisciana...
Hoje tudo que se faz na área educacional é avaliado, nível internacional (Pisa) e também no Brasil. Os instrumentos de avaliação não inclui história, a ciências sócias não são avaliadas.
Como vc vai adquirir uma consciência se você não conhece a história.
Faça sua parte. O mundo vai melhor se você fizer sua parte = principal
É o poder muito forte, mediado de formar uma mentalidade nos jovens e alunos. E não organize-se para se contrapor (não é conciliar).
Pedagogia na área educacional = escolas como aparelhos importante
1.       Os rumos tomados pela educação brasileira
Mercado do conhecimento e conhecimento para o mercado: analisa a reforma da educação superior. Na época concentrou a discussão na questão de cotas, desviou-se na questão central que era acabar com o modelo de educação superior central na universidade, para uma educação terciária, tudo que for depois da educação básica é educação superior (?).
·         Faculdades, centros e universidades. Só a universidade tem o modelo de ensino, pesquisa e extensão.
2.        
 A luta do movimento educacional se concentrou em mais verbas. Mas, chegamos em um ponto que não é mais verbas. Mesmo que não concorde com as avaliações, a educação brasileira não está formando seres que pensem criticamente. Veio se no neoliberalismo brasileiro.
Ampliou-se a educação básica, mas a que preço? A que qualidade?
2007: slogan muda e vai ser Todos Pela Educação (direção do empresariado brasileiro).
Movimento dos empresários e educação básica: empresariado brasileiro fez um grande movimento, compromissos todos pela educação, estiverem presente os ministros da educação FHC e 1 Lula. Assinaram Plano Compromisso Todos pela educação. O empresário brasileiro também se preocupam pela educação, mas seremos que nós mesmos queremos isso?
E: Pq razão tantos empresários questionam
Numa sociedade capitalistas os empresários vão querer uma educação de acordo com seus interesses
E os trabalhadores também tem seus desejos.
Empresários: aumento da produtividade e da força de trabalho; seres humanos que se acomodem com a realidade atual, e que achem muito boa;
Mas, será que é isso que nós queremos? Se ficarmos nas metas quantitativos: melhores condições de trabalhos, mais verbas para a educação.
Nós queremos seres humanos capazes, de decidir o ritmo de sua     (onmilateralidade). Para entender e
Lutar pela mudança de ....
Se nós ficarmos, como a gente tem estado sempre lutando por melhores condições do trabalho, uma escola com mais permanência do aluno. Nós temos que lutar também que tipo de currículo que nós estamos fazemos, que tipo de ser humano nós estamos formando.
Intelectual orgânico:
Intelectual para Gramsci: aquele que mantem o status quo, mantém aquele que organiza a sociedade, ele não autônomo, mas está sempre vinculado a um interesse de classe. Pode ser educado para questionar.
Os temas que temos entrar não são questões técnicas, mas são questões Político Pedagógicos.
Ponto de vista da razão:
Marxismo humanista: o homem pode, em tese sim.
Escola unitária: se contrapondo ao fascismo.
Nós não entendemos ainda direito, todas as consequências do que é uma escola unitário ou uma escola dialógica.
Paulo Freire: dialógica, as pessoas entendima como bater papo e não um pensar dialético.
Humanista Clássica: desvinculada dos processos histórias
Escola Nova: livre para fazer o que quer.
Se atraia pela espontaneidade. A escola básica tem que ter uma direção, porque você deixa a criança apensa a sua experiência ela vai ser um caos.
Escola Humanitária: é possível, mas tem que ter direção.
Oposto: radical, oposto, raivoso, socialista comunista, passado. Mais enquanto tivermos nesta postura de juntarmos alho com bugalho não daremos um passo de redefinir as condições sociais no Brasil.
Esse modelo de democracia, todo trabalho de FHC e Lula da Silva, deve fazer a sociedade opinar, participante dentro daquilo que está estabelecido. Mas, não constrói um outro projeto de sociedade.
Questão da soberania: modelo liberal, não existe estado nacional, não temos mais governos e sim governanças. Crise dos ricos e como fazer para salvar o capitalismo.
A mão forte do estado
Movimento de globalização começa desde o século XIX.
Vai haver sempre uma pressão internacional, mas tem um espaço. Mais é necessário que as pessoas se conscientizem, mas é preciso conhecer os discursos históricos.
O que significa a privatização das Estatais
Só vai existir projeto antagônico se a gente conhece os processos reais.
Estados de sociedade civil são uma totalidade e são uma arena.
Intelectuais coletivos (criados a partir de Gramsci): fundação Getúlio Vargas (direito social) e Ibase (esquerda para o Capital)

 Brasil: Pátria Educadora, governo Dilma 

Tarefa do professor: ajudar a pensar e a criar uma sociedade mais justa. (Lucia Maria)

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Capítulo I - O moderno príncipe industrial: Rumo à História da CNI

Capítulo I - O moderno príncipe industrial: Rumo à História da CNI
José dos Santos Rodrigues

Capítulo 1

O capítulo busca apontar 3 aspectos relacionados:
- traçar o panorama geral da constituição da CNI;
  *tríade pedagógica SENAI,  SESI e IEL.
- caracterizar a Confederação Nacional da Indústria enquanto a mais importante fração do partido ideológico da burguesia brasileira;
- apresentar os elementos que expliquem a inegável é forte presença da burguesia industrial no debate  educacional brasileiro.

1. A CONSTITUIÇÃO DA CNI
Empresariado Industrial: buscou construir uma identidade representativa.
- 1820: sociedade auxiliadora da Insdusteia Nacional (SAIN);
- 1904: Centro Industrial do Brasil (CIB),
- 1933: CIB foi transformado em Confederação Industrial do Brasil.
CIB: representar os empresários sediados no Rio de Janeiro e no então Distrito Federal (hoje RJ)
* caráter ainda embrionário do parque nacional.
1919 (até): 17 entidades regionais

368 associações espalhadas (111 DF)
as entidades patronais se fortaleceram.


"Em suma, empresariado industrial Ainda não era capaz  de superar suas divergências setoriais a fim de construir uma entidade ampla representativa. [..."] (p. 18).
(P. 18)

em construção*

domingo, 11 de novembro de 2018

O Moderno Príncipe Industrial

O moderno príncipe industrial
José dos Santos Rodrigues
Introdução
Os Empresários e a Educação: um estudo sobre a confederação nacional da indústria

O âmbito da problemática
Décadas de 80 e 90: empresariado ingressa no debate educacional;
- binômio modernização-qualificação profissional
- empresários: assumiram a defesa de um modelo de formação profissional mais moderno; conceito de globalização da economia; qualidade ocupam lugar de destaque na defesa pública do valor da educação.
Burguesia industrial: tomam bandeiras que outrora era da classe trabalhadora (universalização da educação geral básica)
Concepçãoes formação profissional:
- homem integral?;
- bandeiras de ensino geral e formação profissional politécnica passado para as  mãos das frações da classe dominante mais 'esclarecidas'?
Burguesia Brasileira
Por um lado:
- mostra a sua face humana: defende o valor (econômico) da educação,
   * educação integral;
   * inevitabilidade de uma qualificação profissional de caráter polivalente
- o empresariado industrial ataca os direitos trabalhistas e previdenciários
   * além das garantias sociais em geral.
   * desabuso nas férias remuneradas dos trabalhadores.
Flexibilização das conquistas sociais: seria inevitável, dada globalização e falência do Estado do Bem-Estar-Social.

2 questões (proposição das classes empresariais):
1º lugar: bucar respostas que identiiquem os motivos dessa imensa participação da burguesia nos debates educacionais e nas ações educacionais;
2º lugar: urgência em explicitar as posições dos homens de negócio, ultrapassando a superfície do discurso das propostas empresariais para a educação da classe trabalhadora brasileira.

Meados 70: economistas, historiadores e sociólogos, apontam as rápidas e intensas modificações do capitalismo internacional.
Anos 80: Brasil = década perdida: economistas falam que o país ficou mergulhado na crise econômica. Palco de grande crise econômica e social do capital.
Dinâmica de Acumulação do Capital: profundas modificações, Brasil solidário a este movimento metamórfico do modo de produção capitalista.
"Não é por acaso que existe uma relação entre as mudanças nas bases materiais das produções da vida humana e as formas de se pensar a formação humana. (p. 20)

Mesmo não vivendo em época de revolução social: [...], "é forçoso aceitar que passamos por uma época de profundas modificações da base econômico-material de produção da vida, e por conseguinte, das formas de sociabilidade capitalista." (p. 21)

Mudança de Estrutura: não se dá de forma automática.
O futuro precisa lutar para emergir do passado. [...] (p. 21)
Classes dominantes: precisam visão hegemônica sobre as causas da crise, [...] proporem alternativas para a sua superação (sem romper com a produção-acumulação da mias-valia.
Ou seja, construir um discurso científico, político e filosófico.
Luta pela hegemonia (momento): "sobre o passado, através do qual se busca assegurar a continuidade das regras capitalistas mais gerais da produção da vida social.

Os Pesquisadores em Educação:
- buscam entender criticamente as posições dos empresariados - relação trabalho-educação (SENAI - SENAC, CNI e CNC.
- são bastantes conhecidas as análises das práticas pedagógicas implementadas junto ao chão-de-fábrica (produzidas por educadores e as do campo da sociologia do trabalho);

- CNI (1938): não foi suficiente estudada pelas ciências humano-sociais, campo educacional;
* [...], os estudos até aqui divulgados trataram o pensamento pedagógico empresarial de forma bastante tópica, analisando um ou outro documento de maior repercussão no campo educacional. (p. 22 -23);

A pesquisa participante: um momento da educação popular

A pesquisa participante: um momento da educação popular
Carlos Rodrigues Brandão; Maristela Correa Borges

De ontem para agora
Pesquisa participante - auto-diagnóstico - pesquisa ação - pesquisa participativa - investigação ação participativa.

1. Pesquisa participante: anos  60 e 80 (alguns lugares da América Latina);
2. originam: diversas unidades de ação social que atuam preferencialmente junto aos grupos ou comunidades populares;
3. originam e re-elaboram diferentes fundamentos teóricos e diversos estilos de construção de modelos de conhecimento social através da pesquisa científica;
4. diferentes alternativas: alinham-se em projetos de envolvimento e mútuo compromisso de ações sociais de vocação popular;
5. em suas diferentes vocações: as pesquisas participantes atribuem aos agentes-populares diferentes posições na gestão.
6. surgem em intervalos entre a contribuição teórica e metodológica vinda da Europa e dos Estados Unidos da América do Norte e a criação ou recriação original de sistemas africanos, asiáticos e latinos-americanos de pensamentos e práticas sociais.
Princípios Operativos: devemos levar em conta a sua relativa atualidade, sobretudo nas experiências que preservam vínculos entre a pesquisa participante e os movimentos sociais.

Alguns fundamentos e alguns princípios convergentes e atuais
- O ponto de origem da pesquisa participativa deve estar situado em uma perspectiva da realidade social, tomada como uma totalidade em sua estrutura e em sua dinâmica.
- Deve-se partir da realidade concreta da vida cotidiana dos próprios participantes individuais e coletivos do processo, em suas diferentes dimensões e interações [...]
- Os processos, as estruturas, as organizações e os diferentes sujeitos sociais devem ser contextualizados em sua dimensão histórica, pois são momentos da vida, vividos no fluxo de uma história [...];
- A relação tradicional de sujeito-objeto entre investigador-educador e os grupos populares deve ser progressivamente convertida em uma relação de tipo sujeito-sujeito [...];
- Deve-se partir sempre da busca de uma unidade entre teoria e prática, e construir e re-construir a teoria a partir de uma sequência de práticas refletidas criticamente.
P.P: deve ser pensada como um momento dinâmico de um processo de ação social comunitária;
se insere no fluxo desta ação e deve ser exercida como algo integrado e, também, dinâmico.
- As questões e os desafios surgidos ao longo de ações sociais definem a necessidade e o estilo de procedimentos de pesquisa participante. (práticas sociais).
- A participação popular comunitária deve ser dar, preferencialmente, através de todo o processo de investigação-educação-ação.
- Ideal: em momentos posteriores exista uma participação culturalmente diferenciada, mas social e politicamente equivalente e igualada, mesmo entre pessoas e grupos de tradições diferentes.
- O compromisso social, político e ideológico do/da investigador(a) é com a comunidade, é com pessoas e grupos humanos populares, com as suas causas sociais.
- Deve-se reconhecer e deve-se aprender a lidar com o caráter político e ideológico. Deve ser praticada como um ato de compromisso de presença e de participação claro e assumido.
- Não existe neutralidade científica em pesquisa algum e, menos ainda, em investigação vinculadas a projetos de ação social.
- Maior parte: pp é um momento de trabalhos de educação popular realizados junto com e a serviço de comunidades, grupos e movimentos sociais, em geral, populares.
- A investigação, a educação e a ação social convertem-se em momentos metodológicos de um único processo dirigidos à transformação social.
- E é a possibilidade de transformação de saberes, de sensibilidades e de motivações populares em nome da transformação da sociedade desigual, excludente e regida por princípios e valores do mercado de bens e de capitais, em nome da humanização da vida social...
[...]uma pesquisa participante devem ser produzidos, lidos e integrados como uma forma alternativa emancipatória de saber popular.
As alternativas de pesquisa participante da tradição brasileira e latino-americana sonharam inovar.
Dos anos 60 e 70 até hoje: as diversas alternativas
"entre o conhecimento produzido através de pesquisas científicas e as ações sociais associadas a elas ou delas derivadas. Elas aspiravam e seguem aspirando a diferentes dimensões de transformações de ações sociais de vocação comunitária e popular, a partir de uma elaboração sistemática de conhecimentos, de saberes e de valores construídos solidariamente, gerados através de pesquisas sociais colocadas a serviço de experiências co-participadas de criação coletiva de saberes, a partir do enlace entre profissionais e/ou militantes agenciados e as pessoas, grupos e comunidades populares. " (p. 56)

Duplo sentido da ideia de totalidade...
1º momento: elas aspiram ser algo historicamente próximo às novas idéias holísticas e transdisciplinares dos “novos paradigmas” (Edgar Morin, Boaventura de Souza Santos e tantos outros) e seus preceitos de totalizações complexas. 
 Hoje esta postura mais centralizadora tem sido bastante revisitada. 
"[...] A contribuição de um sociólogo como Boaventura de Souza Santos é, neste contexto, muito relevante.  Uma das principais características das alternativas participativas é a sua diferenciação. Não reconhecemos hoje em dia uma tendência única ou dominante. Uma única teoria, um único método de trabalho e nem mesmo um único horizonte de ação social. "
"Uma atenção especial deve ser sempre dada à dinâmica das relações e dos processos envolvidos na investigação [...]"

"Na pesquisa participante sempre importa conhecer para formar pessoas populares motivadas a transformar os cenários sociais de suas próprias vidas e destinos, e não apenas para resolverem alguns problemas locais restritos e isolados, ainda que o propósito mais imediato da ação social associada à pesquisa participante seja local e específico. A idéia de que somente se conhece o que se transforma é inúmeras vezes evocada até hoje." (p. 56)

04 propósitos da Pesquisa Participante:
- respondem de maneira direta às finalidades práticas e sociais a que se destinam;
- ser instrumento pedagógico e dialógicos de aprendizado partilhado;
- aspiram participar de processos mais amplos e contínuos de construção progressiva de um saber mais partilhado, mais abrangente, mais sensível...;
- as alternativas participativas (AP) se reconhecem vinculadas à educação popular.
- AP: abrem-se de maneira múltipla e fecunda a outros campos de ação social. O mais enfatizado hoje: é o das pesquisas e ações ambientalistas.

Algumas idéias para atualizar propostas de pesquisa participante no trabalho junto a unidades de ação social popular
A pesquisa serve à criação do saber, e o saber serve à interação entre saberes. 
A interação dialógica entre campos, planos e sistemas do conhecimento serve ao adensamento e ao alargamento da compreensão de pessoas humanas a respeito do que importa:  nós-mesmos; os círculos de vida social e de cultura que nos enlaçam de maneira inevitável; [...]
Todo o conhecimento competente não vocacionado ao diálogo entre saberes e entre diferentes criadores de saberes [...] não tem mais valor do que o de sua própria solidão. 
Devem lutar por preservar critério de    rigor, de objetividade e de honesta competência em seu trabalho, [...]
"Qualquer teoria científica é uma interpretação entre outras e vale pelo seu teor de diálogo, não pelo seu acúmulo de certezas. Todo o modelo de ciência fechado em si mesmo é uma experiência de pensamento fundamentalista, como o de qualquer religião ou qualquer outro sistema de sentido fanático. "
A finalidade do conhecimento é também a de produzir respostas às necessidades humanas. (p. 58)
[...] Mas isto não significa que a ciência deva ser originalmente utilitária. (p. 58)
"Todo pensamento que imagina saber algo e que enuncia e diz o que alguém pensa, de algum modo, a outras pessoas, a outros pensadores-interlocutores, fala sempre desde e para um lugar social. [...], a ciência e a educação que sonhamos praticar, 
[...], devem falar de comunidades humanas concretas e cotidianas.

Paulo Freire:
[...], práxis: um pensar dialógico e crítico a respeito de uma realidade que uma ação reflexiva - ela própria o pensamento tornado atividade coletiva e subversivamente conseqüente - trata de transformar como e através de um processo inacabado e sempre actancial e reflexivamente aperfeiçoável ao longo da história humana. E a própria história deve tender a ser práxis, pois cria e transforma.

[...]entre conhecimento científico (o dos outros sobre nós) e o conhecimento vulgar (o nosso sobre os outros), deverá desaguar em  realizações - “a prática será o fazer e o dizer da filosofia da prática”7. Para além da realização dos planos intelectuais de um sujeito de  conhecimento[...] e para além da utilização dos benefícios estendíveis a quem foi antes um objeto de conhecimento através de uma pesquisa, todo o trabalho conseqüente de investigação deve objetivar ser um passo a mais no caminho da realização humana. (p. 59)

Todo o conhecimento de qualquer ciência vocacionada ao alargamento do diálogo e à criação de estruturas sociais e de processos interativos, econômicos, políticos, científicos, tecnológicos ou o que seja, sempre mais humanizadores, integra antes, de algum modo, sujeitos e objetos em um projeto de mudança em direção ao bem, ao belo e ao verdadeiro. (p. 60)

Ideia de Sartre...
O essencial não é o que foi feito do homem. O essencial é o que ele faz e não cessa de seguir fazendo com o que fizeram dele. [...]
O que o homem faz é o que ele cria. O que ele cria são os gestos de quando o coração e o conhecimento geram os saberes de sua condição de pessoa em busca da construção de sua liberdade. [...]
[...] Toda a pesquisa, em qualquer circunstância, com esta vocação e qualquer que seja o seu domínio de pensamento, não é mais do que um pequeno, efêmero e indispensável momento em tudo isto. (p. 60)

[...], lembrar que o conhecimento que produzimos deságua, em primeiro lugar, numa comunidade cultural chamada educação e, a seguir, nas suas pequenas e insubstituíveis comunidades sociais chamadas escolas, salas de aulas, comunidades aprendentes. (p. 61)

domingo, 4 de novembro de 2018

Estudo de Caso

5.8 Estudo de Caso

[...] é um tipo de pesquisa que não busca a generalização pelo estudo de muitos casos, mas busca especificidade da situação concreta. O Estudo de Caso é especialmente indicado para analisarmos situações complexas para as quais não temos indicativos de quais as causas da situação observada. O texto fundamental para este tipo de delineamento de pesquisa é o texto de Yin (2005).

Segundo Adelman (apud ANDRÉ, 1984):
[...] é indicado quanto queremos coletar elementos para construir hipóteses de trabalho, as quais passarão pelo teste da generalização em outras investigações. O Estudo de Caso também pode ser usado para estudarmos situações que já ocorreram e que geraram um resultado específico para o qual queremos obter as causas ou explicitar os fatores que levaram ao resultado observado.

Ponto Importante: é o tipo de generalização que o Estudo de Caso permite (e que o pesquisador deseja). Ao contrário de pesquisas com amostras, as quais buscam a generalização a uma população, o Estudo de Caso busca a Generalização Analítica. 
Generalização a uma População: 
- Com qual probabilidade o pesquisador pode afirmar que os resultados obtidos para uma amostra da população são válidos para a população como um todo? 
A Generalização Analítica:
- Qual teoria pode ser construída a partir do estudo do caso observado e que explica sua dinâmica? 

PESQUISADOR: [...] está interessado na construção de uma teoria explicativa (modelo) para a realidade observada. Este modelo será, então, objeto de outras pesquisas, envolvendo outros casos, de modo a testar sua generalidade.

5.8.1 Definição e Validação de Estudos de Caso
Segundo André (1984), o Estudo de Caso têm por características: 
1. Buscar a descoberta; 
2. Enfatizar a “interpretação em contexto”; 
3. Procurar representar os diferentes e, às vezes, conflitantes pontos de vista presentes em uma situação social; 
4. Usar uma variedade de fontes de informação; 
5. Revelar experiências de outros e permitir generalizações naturalísticas; 
6. Procurar retratar a realidade de forma completa e profunda; e, 
7. Elaborar seus relatos em uma linguagem e em uma forma mais acessível do que outros tipos de relatórios de pesquisa.

MAIOR PROBLEMA METODOLÓGICO: 
- determinar o que é o caso. 
[...] Para isso, primeiro, devemos definir qual o universo que queremos estudar e, a partir desta definição, escolher o caso. O caso pode ser um indivíduo, uma turma, uma escola ou mesmo um Sistema de Ensino (a Secretaria de Educação do Estado, por exemplo). Uma vez definido o caso, as variáveis analisadas devem dizer respeito a ele, não se devendo misturar, em um mesmo estudo, variáveis que caracterizam diferentes tipos de caso.

CARACTERÍSTICA IMPORTANTE: 
-[...]  é que, mesmo sendo uma pesquisa empírica, no sentido que estudamos o fenômeno no ambiente em que o mesmo acontece, no Estudo de Caso não há intervenção por parte do pesquisador com o objetivo de provocar mudanças controladas nas variáveis estudadas. 

Pesquisa Ação

Pesquisa Ação
ROSA, Paulo Ricardo da Silva. In.: http://www.paulorosa.docente.ufms.br/Uma_Introducao_Pesquisa_Qualitativa_Ensino_Ciencias.pdf. 30. out. 2013

duas acepções.
1ª: ligada aos movimentos sociais das décadas de 60 a 90, principalmente em países de terceiro mundo, está associada a uma ação política cujo objetivo é a transformação social. Neste sentido, a Pesquisa Ação é bastante similar à Pesquisa Participante quanto à metodologia. Contudo, há uma diferença fundamental: o pesquisador se insere no grupo com a intencionalidade de exercer uma ação política de transformação do grupo, com a pesquisa sendo a ferramenta para isto (Figura 38).

2ª: [...] este termo tomou outro significado, apontando para um tipo de pesquisa que é desenvolvida enquanto a ação acontece. Neste caso, a Pesquisa Ação passa por um ciclo, [...]

[...] é associado a projetos de pesquisa nos quais o professor é o pesquisador e o objeto da pesquisa é a própria prática do docente. A ideia central é que o professor sistematize suas práticas, construindo um conhecimento de nível mais geral baseado na reflexão teórica sobre a prática, a transformando, assim, em uma práxis. Embora este tipo de pesquisa seja também associado a práticas transformadoras da realidade da escola, seu objetivo é bem menos amplo que o sentido original.

A ideia de transformar o professor em um pesquisador encontra a nosso ver um problema sério. Muitas vezes, durante o processo de pesquisa somos confrontados com situações para as quais temos que escolher entre o papel de docente e o papel de pesquisador. É impossível exercer os dois papéis ao mesmo tempo nesses casos. Eticamente, nessas situações o papel de pesquisador deve ser deixado de lado e o papel de docente deve prevalecer. (p. 71)

Uma Introdução a Pesquisa Qualitativa em Ensino de Ciências


Uma Introdução à Pesquisa Qualitativa em Ensino de Ciências
https://www.google.com/url?q=http://www.paulorosa.docente.ufms.br/Uma_Introducao_Pesquisa_Qualitativa_Ensino_Ciencias.pdf&source=gmail&ust=1541458561716000&usg=AFQjCNHiegvqO_9GF2rPYkwD_ww2RPt98A

5.4.2 Dinâmica Social: aspectos dialéticos

[...] as relações entre grupos sociais possuem, como maior característica, a dinamicidade, sendo o conjunto das relações sociais possuem, como maior característica, a dinamicidade, sendo o conjunto das relações sociais um constante vir a ser, em uma relação dialética entre a aparência (o que é visto, resultado) e a essência (o que é), mediada pelo processo em determinada sociedade. Este vir a ser constante não pode ser apreendido de fora, a partir de uma posição de isolamento crítico e analítico, mas nasce da vivência da práxis, a partir de uma visão de quem é interno ao grupo e que tem por objetivo a transformação.

Esse método dialético, portanto, não pode ser apreendido pela pesquisa nos moles positivistas [...]

Esse tipo de pesquisa é bastante usado na análise de movimentos sociais. Nela, a fronteira entre o pesquisador e o objeto da pesquisa não existe e o pesquisador, ao mesmo tempo em que reflete sobre o tema, está inserido no contexto estudado por ser parte do universo estudado. (p. 63)

Observação participante
pesquisador inserido; faz parte do grupo enquanto observa;
não interfere no que o grupo faz ou deixa de fazer
não sugere ações
Contribui com o grupo como integrante

"Este último ponto é importante: o pesquisador desempenha dois papéis neste tipo de pesquisa, o de membro do grupo e o de pesquisador. Como parte do grupo ele atua normalmente e como pesquisador ele o observa. Não há intervenção do pesquisador no sentido de provocar reações do grupo, ele apenas observa o grupo em seu habitat, registrando ações, atitudes, cadeias de decisão, etc." (p. 64)

Nomenclatura: Pesquisa Participante = Pesquisa Participativa = Pesquisa Popular, e as vezes Pesquisa Ação

As principais diferenças entre a Pesquisa Participante e a pesquisa tradicional são:
1. A consciência em Pesquisa Participante de que a Estatística e a Matemática não são os únicos caminhos para o conhecimento e a Ciência;
2. Para a Pesquisa Participante a dissociação sujeito - objeto da pesquisa é indevida, pois o pesquisador (sujeito) faz parte da sociedade que investiga. Portanto, o distanciamento e a frieza exigidos pelo positivismo são inatingíveis. Há produção coletiva do conhecimento;
3. A Pesquisa Participante é a forma de ação orientada para projetos de transformação social;
4. Para a Pesquisa Participante, o processo de conhecimento, na medida em que está relacionado com a participação, está também com a concepção de sociedade, como uma estratégia de uma ação possível efetiva, sendo um processo político localizado;
5. O aspecto básico da Pesquisa Participante é de que só a produção de conhecimento, em uma ação concreta de transformação da realidade na qual as pessoas estão inseridas, gera consciência sobre esta mesma realidade.

Ideologia:
[...] Este termo designa certa forma de representar a realidade por meio de um conjunto de ideias. Ou seja, a ideologia tem um caráter de abstração da realidade. Entretanto, diferentemente de outras formas de representar a realidade, a ideologia tem um caráter político: a ideologia como um conjunto de ideias representa a realidade a partir da visão de um grupo social específico, que tenta impor esta forma de representar a realidade aos outros grupos sociais (classes). (p. 65)
Conceito de Classe:
Conjunto de indivíduos agrupados segundo algum critério (usualmente econômico) e que partilham de interesses comuns.
Pesquisadores e pesquisados são sujeitos de um trabalho comum
"Na Pesquisa Participante, o pesquisador participa do grupo nesta condição, colocando suas habilidades técnicas a serviço do grupo e interferindo no processo, apontando e discutindo temas a serem pesquisados e métodos de análise dos dados. A decisão sobre quais as temáticas da pesquisa pertence ao grupo, assim como a decisão sobre a metodologia a ser usada. Neste caso, os resultados da pesquisa executada pertencem e devem, necessariamente, retornar ao grupo. De fato, a análise dos resultados da pesquisa também deve ser feita pelo grupo, subsidiada pela competência técnica do pesquisador."

1ª fase: é a Montagem Institucional e Metodológica da Pesquisa.
[...], o pesquisador discute o projeto de pesquisa com a comunidade (a população e seus representantes). Também é nesta fase que o quadro teórico da pesquisa é definido:
 Quais os objetivos da pesquisa?
 Quais hipóteses e métodos serão utilizados?
Que conceitos serão abordados? A delimitação da região a ser estudada é importante também. A seguir, passa-se ao processo de organização da pesquisa que será desenvolvida:  Quais instituições e grupos participarão da pesquisa?
 Quem cumprirá as diferentes tarefas?
 Como as decisões serão tomadas?
Para finalizar esta parte, é necessário definir quem serão os pesquisadores e como os diferentes grupos de pesquisa serão formados. Por fim, o cronograma e o orçamento das ações devem ser produzidos. (68/69)

2ª fase: Estudo Preliminar da região e da População Envolvida.
[...] o pesquisador procura identificar as características da população que será alvo do estudo, identificando as necessidades e os problemas daquela população. Estes problemas serão classificados segundo categorias definidas pelo grupo de pesquisa (como a classe social, por exemplo). A descentralização da pesquisa ocorre nesta fase. Ações típicas desta fase são: a descoberta do universo dos pesquisados, o levantamento de dados socioeconômicos e um primeiro retorno da pesquisa ao grupo envolvido. (p. 69)

3ª fase: Análise Crítica dos Problemas Considerados Prioritários
 os participantes, distribuídos em grupos de estudo e discussão, buscarão analisar criticamente os problemas, analisando possíveis estratégias de superação.

4ª fase: Programação e Aplicação de um Plano de Ação
[...], as ações planejadas são executadas e a pesquisa propriamente dita acontece. Nesta etapa, as ações que foram delineadas nas etapas anteriores serão executadas e o grupo recebe os resultados.