domingo, 30 de setembro de 2018

Ornitorrinco - Francisco de Oliveira

Ornitorrinco:
não é um produto do atraso, ao contrário, o ornitorrinco é essa formação em que sobre o atraso montou-se um sistema econômico que tem setores mais avançados convivendo, não apenas convivendo, funcionalizando o atraso.

O capitalismo foi capaz de armar esse bicho estranho, funcionalizando aquilo que era os atributos do atraso. 
Funcionalizar a pobreza, funcionalizar a pobreza.

Ornitorrinco:
... ele funcionaliza a pobreza.
"A favela, que era uma solução precária dos pobres para finalmente viver nas cidades. E que a promessa moderna era de substituir a favela por casas, por residências, com o mínimo de dignidade. A favela ao em vez de se extinguir-se, se expandiu nas cidades brasileiras. Acolhendo não camponeses, que era uma solução na vida rural brasileira, . mas, as favela tornou-se a forma de moradia predominante dos pobres, nas cidades brasileiras.

Para o socialista do século XIX e XX: a pobreza era um desafio;
Para o liberalismo e neo-liberalismo, do fim do século XX e início do século XXI a pobreza é funcional, para o funcionamento do sistema.

Em cada esquina há uma multidão de desempregados vendendo o que sobra nas feiras, ou contrabando do Paraguay, quer dizer, eles não estão desocupados, eles estão desempregados, mas não desocupados. O capitalismo logrou esta façanha, de tornar aquilo que Marx pensava, que era o exército de reserva. O capitalismo transformar essa população desempregada em funcional para o seu funcionamento."

Mundo da mercadoria: não pode haver alguém excluído. 

Ivan Capellato: "O Brasil hoje, o Brasil ontem, o Brasil, talvez, de 80, 84 pra cá. [...]
O Brasil perdeu um desejo mais puro de autonomia.
De se tornar esse sujeito desejante. Um país com desejo próprio.
E ficou um país infantil, um país que... ah!.. meio que redimido, 
aonde a pobreza do sentidos, a pobreza do desejo passa a ser uma identidade.
Então qual é o desejo que nasce?
Não nasce um desejo do sujeito. Nasce um desejo do grupo. Um desejo do sistema.
Como eu não tenho um desejo. O que esse país quer ser da vida? Aonde esse país quer chegar?
Como eu tenho vários partidos, várias pedagogias, várias flechas, várias sentidos. Eu não tenho aonde chegar.
Isto gera a ausência de identidade, a ausência de identidade, gera a violência, gera o suicídio e gera a patologia psíquica."(Ivan Capelatto)

Exceção virou a regra.
O estado de exceção coloca a democracia em risco.


Aonde esta sociedade pode parar?
Só os tolos de estabilidade monetária
Se gabar de estabilidade monetária é uma tolice. O Brasil se conseguiu por fora de uma moeda. 


O capitalismo elimina a política.
A política é importante para nós, apesar dos políticos, é importante para nós, para os cidadãos comuns, por que a política é o meio, meio inventado, uma das mais formidáveis invenções do ocidente, é o meio pelo qual as assimetrias de poder são corrigidas.
A economia capitalista é, por definição, um modo de produzir concentrador e excludente.
Quem corrigiu estas assimetrias de poder, que o poder econômico cria foi a politica, essa invenção formidável do ocidente. Mas, em seu caminhar o capitalismo tem horror as regras.
Ele tem horror intrinsecamente. Seu modo de eliminar o concorrente tem horror as regras.

A política foi capaz de domar a economia. e o pouco que se tem, o pouco que se logrou, nos últimos 300 anos do domínio capitalista, logrou-se devido a política. Logrou-se a atividade política de homens e mulheres capazes de opor aos desígnios da economia a vontade politica do cidadão. (Francisco de Oliveira) 

Mesmo as necessidades mais fundamentais são necessidades ...

Chico de Oliveira | O ornitorrinco: será isso um objeto de desejo?. In.: https://www.youtube.com/watch?v=nUFxcBYwKs8&feature=youtu.be. Acesso em: 30 set. 2018.

domingo, 23 de setembro de 2018

Estudo do Livro:
Filosofia da Ciência de Rubem Alves


A.4 O cientista virou um mito. E todo mito é perigoso, porque ele induz o comportamento e inibe o pensamento. Este é um dos resultados engraçados (e trágicos) da ciência. Se existe uma classe especializada em pensar de maneira correta (os cientistas), os outros indivíduos são liberados da obrigação de pensar e podem simplesmente fazer o que os cientistas mandam. Quando o médico lhe dá uma receita você faz perguntas? Sabe como os medicamentos funcionam? Será que você se pergunta se o médico sabe como os medicamentos funcionam? Ele manda, a gente compra e toma. Não pensamos. Obedecemos. Não precisamos pensar, porque acreditamos que há indivíduos especializados e competentes em pensar. Pagamos para que ele pense por nós. E depois ainda dizem por aí que vivemos em uma civilização científica... O que eu disse dos médicos você pode aplicar a tudo. Os economistas tomam decisões e temos de obedecer. Os engenheiros e urbanistas dizem como devem ser as nossas cidades, e assim acontece. Dizem que o álcool será a solução para que nossos automóveis continuem a trafegar, e a agricultura se altera para que a palavra dos técnicos se cumpra. Afinal de contas, para que serve a nossa cabeça? Ainda podemos pensar? Adianta pensar? (p. 07-08)
B.1 Antes de mais nada é necessário acabar com o mito de que o cientista é uma pessoa que pensa melhor do que as outras. 
A especialização pode transformar-se numa perigosa fraqueza. (p. 8)
O que eu desejo que você entenda é o seguinte: a ciência é uma especialização, um refinamento de potenciais comuns a todos. (p. 9) 
A aprendizagem da ciência é um processo de desenvolvimento progressivo do senso comum. Só podemos ensinar e aprender partindo do senso comum de que o aprendiz dispõe. 

Hipótese:
E.6 Resumindo:
(a) Defrontamo-nos com um problema, um enigma que nos intriga.
(b) Já dominamos intelectualmente (conhecemos) uma experiência familiar que imaginamos ser…
(c) ... análoga à estrutura do problema.
Esta será nossa hipótese de trabalho – o palpite que vai orientar nossa investigação. (p. 37) [...]

(d) ...pagamos para ver. Fazemos uma pesquisa. Experimentamos. (p. 38)


Nós não conhecemos a realidade. [...]  Freqüentemente, os cientistas são forçados a reconhecer que as coisas. são totalmente diferentes daquilo que pensavam. (p. 48)

Anote isto: a inteligência está diretamente relacionada à nossa capacidade para inventar e operar modelos. Modelos nos permitem simular o que deverá acontecer, sob certas condições. Com o seu auxílio simulamos situações, sem  que elas jamais aconteçam. Isto nos permite ajustar o comportamento ou para evitar, ou para provocar um determinado futuro. Os modelos economizam o corpo. (p. 49)

sábado, 22 de setembro de 2018

Formação Continuada [...] recursos para o uso reflexivo [...] Web 2.0

Estudos da Tese 
FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA COM ENFOQUE COLABORATIVO: CONTRIBUIÇÕES PARA O USO REFLEXIVO DOS RECURSOS DA WEB 2.0 NA PRÁTICA PEDAGÓGICA
Claudio Zarate Sanavria


"O “Ciclo Formativo” constituiu-se de cinco (5) atividades que se repetiram de acordo com o estudo das ferramentas, enquanto foram definidos novos recursos a serem trabalhados, sendo tais atividades:
1) Escolha do recurso;
2) Exploração técnica; 118 
3) Discussão das possibilidades; 
4) Elaboração e uso do recurso;
5) Socialização das experiências." (p. 117-118)


"A escolha do recurso deveria ser consensual e envolver negociação entre os membros do grupo, partindo de suas reais necessidades e interesses de aprendizagem. Acreditamos na negociação como elemento motivador ao trabalho coletivo, pois tratou-se de um instrumento que permitiu ver, argumentar e ouvir argumentos dos demais colegas." (p. 118)

"A voluntariedade defendida por Fiorentini (2010) e – e também presente nos discursos de Ferreira (2003) e Nacarato et al. (2006) – constituiu-se em uma preocupação constante para nós nesse momento da formação. Quando enfatizam que um grupo colaborativo autêntico deve ser constituído por pessoas voluntárias, deixam claro que o grupo deve se construir de maneira espontânea, sem coação de superiores ou cooptação de pesquisadores. Quando há uma pressão externa, principalmente por diretores e coordenadores, há o risco de desencadeamento da colegialidade artificial, definida por Hargreaves (2003). Assim, nossa preocupação se deu, em princípio, pelo fato de organizarmos a formação como um curso de extensão certificado. Nosso receio era prejudicar a espontaneidade ou até mesmo contribuir para uma coerção por parte de algum gestor." (p. 122)

"Dentro do processo formativo estabelecido e por nós já descrito, a primeira atividade consistiu nos estudos sobre os conceitos da Web 2.0 e contato com relatos de experiência de professores de Matemática sobre o uso de seus recursos para o ensino e aprendizagem de conceitos matemáticos. Foram necessários três (3) encontros presenciais para a realização dessa etapa da formação. Esse primeiro momento também foi importante para o estabelecimento dos acordos quanto ao uso do ambiente virtual, da rede social e da lista de discussão. Ficou acordado que, sempre que um encontro fosse realizado, todos receberiam uma síntese por e-mail, descrevendo as atividades desenvolvidas, os encaminhamentos necessários (leituras, produções) e a data do próximo encontro." (p. 130)